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Por que a alta gestão precisa ser especialista em ESG?
Publicado em 11 de Abril de 2024 Sandro Benelli, coordenador do programa Formação de Conselheiro de Empresas de Controle Familiar - Alta Gestão FGV

Existem vários motivos para que este assunto esteja no “top trends” dos executivos, mas vamos falar de apenas dois, talvez os principais. Em primeiro lugar ESG gera valor para as empresas, logo os executivos precisam saber como sua própria empresa pode se beneficiar através da correta implantação das práticas ESG. Um paper da McKinsey aponta 5 maneiras como o ESG pode gerar valor para as empresas: 

 

  • Crescimento das receitas
  • Redução de custos
  • Redução de riscos legais
  • Incremento da produtividade
  • Otimização de investimentos e ativos.


Ainda nesta linha, e usando a máxima que a melhor maneira para se ganhar é parar de perder, 83% dos consumidores acreditam que as empresas devem ativamente implementar melhores práticas de ESG. Isso vai além do agir em nome do compliance, deve ser feito como forma de evitar a perda de clientes e assim garantir (ou crescer) as vendas atuais e futuras. 

83% dos consumidores acreditam que as empresas devem ativamente implementar melhores práticas de ESG, indo além do mero cumprimento de normas.

Atratividade e retenção de talentos
Um dos custos de pessoal mais relevantes é o turnover, e em algumas localidades ou atividades este custo cresce, pois, a oferta de colaboradores é restrita, assim é muito importante aumentar as taxas de atração e de retenção do seu negócio e para isto os gestores precisam incorporar uma agenda ESG. Uma pesquisa feita pela Talenses apontou que 53% da geração Z “acredita que uma agenda ESG influencia positivamente na atração e retenção de profissionais”, este é um dado relevante na estratégia para redução de custos de pessoal.

Foco na gestão de riscos
Outro ponto que sempre está em cima da mesa do executivo é a gestão de risco do seu negócio, e aqui o ESG também é foco e muito relevante. No relatório “2022 Audit Plan Hot Spots” da Gartner, o ESG aparece entre os top-ten riscos que devem ser geridos de perto pela área de auditoria interna. Esta também é uma realidade brasileira, pois a legislação ambiental, os riscos discriminatórios, a LGPD etc., além de poderem acarretar um custo financeiro à empresa também pode acarretar um dano inimaginável à imagem do negócio. 
O ESG também é um foco crucial na gestão de riscos, conforme apontado no relatório "2022 Audit Plan Hot Spots" da Gartner.

Desafios e oportunidades regulatórias: selos ESG e padrões internacionais
A exigência regulatória aumenta em todas as direções. Atualmente tramitam no congresso dois PL, um no senado (PL 4363/2021, de autoria do senador Mecias de Jesus – Republicanos/RR) e outro na câmara (PL 735/2022, do deputado Carlos Henrique Gaguim - União Brasil/TO), que querem instituir um selo ESG. As duas proposições, muito similares, preveem que as certificações concedidas pelo governo federal teriam como benefício o acesso facilitado ao crédito. Recentemente, O International Sustainability Standards Board (ISSB), da International Financial Reporting Standards Foundation (IFRS), responsável por estabelecer regras de padrão contábil em todo o mundo, lançou as diretrizes IFRS S1, com os Requisitos Gerais para Divulgação de Informações Financeiras Relacionadas à Sustentabilidade, e IFRS S2, Divulgações Relacionadas ao Clima. 

O Brasil foi o primeiro país no mundo a adotar este padrão de divulgação de informações financeiras. A CVM publicou em 20 de outubro de 2023 a Resolução CVM n.º 193/23, que determina, de forma obrigatória, a partir do exercício social iniciado em 2026, para companhias abertas, a elaboração e divulgação de relatório de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade com base no IFRS S1 e S2. 
Segundo o escritório de advocacia Tauil, Chequer, Mayer, Brown, mais do que uma simples exigência, este movimento, pode ser encarado como uma “ótima oportunidade para as empresas se posicionarem como líderes em sustentabilidade se beneficiarem dos efeitos econômicos, sociais e ambientais positivos que isso pode trazer”. 
O ESG está agora na pauta dos conselhos e do governo, reforçando sua relevância regulatória.

Comprometimento dos líderes: ESG como prioridade para Conselheiros e CEOs
O segundo motivo para estar atento ao ESG, é que este assunto chegou (para ficar) de maneira definitiva na pauta dos boards. Logo vai impactar diretamente a agenda e o bolso da alta gestão. A Nacional Association of Corporate Directors (NACD) relatou que nos últimos 12 meses 64% dos seus membros discutiram a conexão entre ESG e a estratégia da empresa. 

Já o estudo “Board Members LATAM 23/24” da PageExecutive, apontou que 48% dos conselheiros acham que conhecimentos de ESG são prioridade (apenas atrás de finanças com 65,2%), e que devem tomar parte significativa do seu tempo. E mais de 60% das empresas de capital aberto reportaram como fator de risco questões sociais, ambientais associados aos seus fornecedores, ou seja, outro prato cheio para decisões estratégias a serem tomadas no conselho e que devem ser implementadas pelos executivos. 

Remuneração alinhada à sustentabilidade
Os próprios CEOs consideram que a sustentabilidade está entre suas prioridades de gestão e alocação de investimento, pois 38% deles prioriza este tipo de investimento em relação aos demais e ainda 56% deles consideram que ESG e os riscos de sustentabilidade podem impactar seus negócios nos próximos 12 meses. 

E, para arrematar, uma pesquisa feita Global Network of Directors Institute (que congrega 24 institutos relacionados à conselhos e 150.000 conselheiros) apontou que 70% dos pesquisados considera que a remuneração dos executivos deve estar alinhada com a performance de ESG da empresa. Logo, executivos do Brasil, atentai-vos. 

A implementação de iniciativas ESG não é apenas uma escolha; tornou-se uma necessidade vital para a alta liderança.
Concluindo, entender (bem) e atuar sobre as pautas ESG não é mais um assunto nice to have para a alta liderança, já um assunto must have. Pois além de gerar valor para a empresa (um dos principais objetivos do c-level), implementar iniciativas ESG é fundamental para atender às exigências e pressões externas, vindas de todos os stakeholders. Embora movimentos recentes (especialmente nos EUA) sugiram que a agenda ESG perdeu “momentum”, um estudo da Spencer Stuart com 992 membros de conselho apontou que 90% dos conselheiros incorporaram métricas ou metas relativas ao meio ambiente em uma ou mais áreas do seu negócio, o mesmo aconteceu com 87% dos respondentes quanto aos aspectos sociais. 
Ou seja, no longo prazo o ESG está na pauta dos conselhos e das empresas, consequentemente precisa estar na pauta dos executivos...afinal seu bolso pode depender disto!

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Artigo escrito por Sandro Benelli, coordenador do programa Formação de Conselheiro de Empresas de Controle Familiar - Alta Gestão FGV
 

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