Artigo
Como treinar e reter talentos?
Publicado em 25 de Maio de 2022 Karine Dias, especialista em RH e Gestão Corporativa da Humanare

O trabalho está em transformação: o impacto tecnológico, novas formas de lidar com as relações profissionais e a revisitação do sentido deste na vida das pessoas. Quem já percebeu esta transformação identifica a importância de impactar o ambiente ao qual pertence, provocando a organização a aprender mais e melhor e não somente ser levada por assuntos que não fazem mais sentido ao desafio do cargo que ocupam.

A retenção de talentos vai além de boas práticas em gestão de pessoas, plano de carreira, benefícios, comunicação e feedback. As organizações estão percebendo a real importância de promover uma cultura que incentiva, apoia e celebra a aprendizagem contínua. Não é mais um chamado para estar num treinamento e sim um convite por aprender para o resto da vida, a partir de uma nova mentalidade, saindo do lugar do que se aprende para o como se aprende. 

O profissional deseja um ambiente de trabalho um espaço que promova o aprendizado em rede, cooperação, troca de boas práticas e desdobramentos do que estudar para além de suas funções atuais.

Quando reflito sobre o tema, percebo certo incômodo que há tempos me conduz para a busca de um entendimento do que é treinar e se este de fato converge para a retenção de talentos no ambiente organizacional. Viemos de um modelo educacional tradicional e escolarizado, no qual há uma figura soberana que diz o que está ou não no momento de aprender, dependemos de alguém para montar um plano de estudos, somos ensinados a achar que aprender é um mal necessário, fazemos confusão entre aprender e adquirir conteúdo e não consideramos a aprendizagem informal para além dos espaços físicos de ensino, não levando em consideração o interesse por quem lá está aprendendo. E num salto na linha do tempo, percebo cenários semelhantes acontecendo em algumas organizações, onde resolver um problema de desenvolvimento é ofertar ações de treinamento sem antes investigar o que de fato é necessário ser feito e solucionado, não escutando o principal impactado pelo treinamento: o colaborador.

A transformação dos postos de trabalho nos convida a olhar para as grandes oportunidades criando aquilo que até então não fora imaginado. Temos mais acesso às informações e possibilidades de construirmos o nosso próprio caminho de autoaprendizagem. Achar que treinamento é a solução e que, por ele, gaps serão tratados, é insistir num movimento que não se sustenta mais. 

"Hoje, simplesmente ter funcionários participando de programas de qualificação não é suficiente. Esses programas de treinamento são amplamente focados em compartilhar o conhecimento existente – habilidades que já existem. Mas em um mundo em rápida mudança, o conhecimento existente rapidamente se torna obsoleto. Precisamos ampliar nossa definição de 'aprendizagem' para incluir a criação de novos conhecimentos." – Artigo publicado por John Hagel III, fundador do centro de pesquisa da Deloitte no Vale do Silício Center for the Edge, em outubro de 2021 na Harvard Business Review, intitulado: What motivates lifelong learners.

As empresas estão sendo convidadas a olharem para estes novos modelos de trabalho, que também foram atravessados por um cenário pandêmico, onde o profissional não mais precisa estar presencialmente nos escritórios para honrar com as metas, resultados, relatórios, reuniões e etc. Como gerar um ambiente de aprendizado contínuo, que também promova a retenção de talentos? E diante disso tudo, como reter talentos? Como é olhar para o futuro do trabalho, das carreiras destes profissionais e das empresas? 

Reter talentos é provocar no colaborador/aprendiz quais são os problemas que precisam ser resolvidos no negócio, proporcionando a livre aprendizagem, substituindo o controle pela confiança e coragem de apostar na cultura de aprendizagem para o resto da vida. 

 


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