Artigo
Desafios do Empreendedorismo e Protagonismo da Liderança Feminina
Publicado em 05 de Julho de 2024 Ylana Miller - Fundadora e CEO da Yluminarh

A ONU Mulheres definiu sete princípios de empoderamento feminino relacionados aos aspectos sociais e profissionais. Todos se referem ao estabelecimento de uma liderança sensível à igualdade de gênero, apoio ao empreendedorismo feminino e promoção do desenvolvimento profissional às mulheres. 

Mudanças no comportamento social e profissional da mulher vem sendo mais significativas, desde o ano 2000. Diversas pesquisas apontam o aumento de mulheres em posições de liderança no mundo corporativo, e ainda assim, no Brasil, a presença de líderes mulheres em cargos de alta gestão é de 33,5%, enquanto a média global é de 43%.

Dos 52 milhões de empreendedores no país, 32 milhões são mulheres, 46% dos empreendedores iniciais são mulheres e 49% das empreendedoras mulheres são chefes de família, segundo dados do Sebrae. O empreendedorismo por necessidade é uma das causas para o surgimento e desenvolvimento de negócios liderados por mulheres. A maternidade é um dos fatores que justifica esse cenário, visto que ainda há discriminação às mães no mercado de trabalho.

E o que legitima uma mulher na liderança? Mulheres denotam ter algumas habilidades que contribuem para o seu empoderamento. O processamento de informações e emoções funciona de forma diferente do cérebro masculino. Em geral, mulheres lidam bem com as relações humanas e têm habilidade de comunicação, o que ajuda muito na integração e fortalecimento da equipe. Seu estilo de liderança é mais participativo e democrático, valorizando a promoção da troca e aprendizado entre os liderados.

A flexibilidade, adaptabilidade e resiliência também são competências diferenciadas em grande parte das mulheres. Multifuncionais, com mais de uma jornada de trabalho, diariamente encaram uma diversidade de papéis na sociedade. Entretanto, há alguns hábitos de comportamento que podem ser aprimorados, como autoexigência e autossabotagem. Ao errarem, se punem com intensidade. Podem fortalecer sua autoconfiança e não se considerar menos preparadas do que os homens frente a  desafios. Ao se exigirem menos, podem vir a ter mais equilíbrio e leveza  frente os malabarismos da vida.

A inteligência emocional é mais um ponto de atenção, em especial os pilares de autoconhecimento, gerenciamento das emoções e empatia. Durante a minha trajetória de carreira aprendi na prática como essa habilidade diferencia líderes de sucesso. Ao ter sido liderada por uma executiva com baixa empatia, falta de escuta ativa e que gerava conflitos entre os integrantes da equipe, tive a oportunidade de aprender como esse estilo de liderança impacta negativamente no ambiente, trabalho em equipe e resultados do time. Foi um aprendizado de como não atuar em posição de liderança.

Ao se deparar com a cultura machista na sociedade não significa que mulheres tenham que combater os homens. O combate será à cultura, que inibe o acesso a algumas posições, que não promove equidade na remuneração e, por vezes, as priva de ocuparem cargos de liderança. A transformação é cultural e a solução não virá através por meio de guerrilhas entre os gêneros masculino e feminino. 

Às mulheres que visam ocupar posição de liderança recomendo que optem por um estilo de liderança que promova a troca e o diálogo. Que acreditem no seu potencial, se conectem mais e se ajudem, tendo menos rivalidade entre si. O patriarcado se beneficia da rivalidade feminina. 

São muitas as conquistas, entretanto não anulam o quanto precisamos evoluir na representatividade, empreendedorismo e liderança feminina. É uma causa nobre que merece ter sua discussão ampliada, inclusive por meio da educação formal em seus diversos níveis. Quanto mais oportunidade de discutir o tema, mais celeridade na evolução da sociedade. Ainda há muito espaço a ser conquistado e essa deve ser uma missão de todos.


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