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Importância da Diversidade Racial e de Gênero nas Empresas
Publicado em 24 de Maio de 2023 Lucia Madeira - Presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro (ABRH-RJ)

Mulheres, negros e pardos representam a maioria da população brasileira. Nada mais natural que tenham um peso significativo como clientes de produtos e serviços e que devam estar representados também nas equipes das empresas. Uma pesquisa realizada pela McKinsey mostra que empresas com diversidade racial no quadro de funcionários têm resultados 35% acima da média do setor. E as organizações com diversidade de gênero alcançam resultados 15% maiores. Promover mais diversidade nas empresas deve ser uma estratégia de negócios, que traga mais inovação e visões complementares.

No Brasil, o direito à igualdade de oportunidades é garantido na Constituição que tem como princípios fundamentais, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária e a redução das desigualdades sociais e regionais, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º). No entanto, ainda estamos longe de atingir estes princípios. Mesmo que a oferta de vagas venha aumentando, os cargos qualificados do mercado de trabalho não representam a sociedade.

Por que as empresas que buscam melhores resultados ainda não refletem a realidade da população? Muito se deve às barreiras ocultas nos processos seletivos e de promoção para cargos qualificados. O desafio para as áreas de RH é criar processos em que todos possam mostrar seu potencial. Buscar pessoas além do perfil convencional e eliminar exigências que não sejam importantes para a vaga, como inglês, a faculdade de origem e o local de moradia. Requisitos que trazem embutidos uma classificação social, com investimentos acima das possibilidades de grande parte da população.

Além disso, os processos seletivos devem buscar a criatividade, o raciocínio, a capacidade de expressão, onde quer que elas estejam. Muitas organizações transformam essa fase numa competição desigual, intimidadora que não leva em conta o que cada candidato teve que superar para estar ali.

Esse cuidado deve ser maior ainda em processos automatizados, por inteligência artificial, que podem repetir os mesmos erros das escolhas pessoais, dando um peso maior a critérios que embutam discriminação ou preferências.

Criar um ambiente acolhedor no processo seletivo pode revelar o que cada um tem de melhor, independentemente da cor, sexo ou condição econômica. Também é preciso cuidar da divulgação e da comunicação, que inclua mulheres e pessoas negras nos anúncios, abrir vagas afirmativas destinadas aos públicos com menor representatividade e contar com presença de pessoas negras dentre os selecionadores, que criem empatia com os candidatos. Detalhes que podem atrair muitos candidatos que poderiam não se inscrever para as vagas anunciadas por medo da rejeição.

Para ampliar o número de negras e negros no RH, a ABRH-RJ vem promovendo, em parceria como MPT-RJ, o projeto Crescer sem Barreiras, que cria redes, desenvolve competências e aumenta a representatividade e a participação destes profissionais nas empresas. A tarefa de inclusão e integração da diversidade não se encerra na contratação.

As empresas precisam implementar práticas e políticas que garantam oportunidades para todos, a partir de um diagnóstico e metas a alcançar. Usar comunicação e ações de desenvolvimento para conscientizar os colaboradores e lideranças e prepará-los para lidar com as diferenças e aprender com elas. Um processo que se inicia na alta liderança, tem o apoio do RH, conquistas as lideranças e contagia todos os colaboradores.

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